Crônica - Chico e Mané -Manoel Messias Pereira
Chico e Mané
Era um senhor de pele clara, quase careca, de estatura baixa, com vários bilhetes e fica olhando meu rosto como quem desejava encontrar uma pessoa conhecida. Examinando os traços de meu rosto, uma observação que deixou-me intrigado. E foi quando perguntei:
_O senhor quer vender bilhete?
E ele observando-me, retrucou:
_Você não quer comprar um bilhete?
E eu disse:
_Não tenho palpite.
Mas ele disse eu te conheço?
E eu também disse :
_provavelmente.
Esse pequeno diálogo, fez com que pudéssemos entrar no café, e tomarmos cada um expressinho. E depois ficamos sabemos que estudamos na mesma escola a 50 anos atrás, e eu informei-o que a nossa professora foi de princípio uma senhora chamada dona Magali Corrêa, que na época afastou-se e veio uma nova professora a dona Marilene, que era uma moça encantadora. E hoje ainda é uma pessoa maravilhosa, foi ela a minha inspiração, para o processo educacional.
Fiquei sabendo que o bilheteiro chamava Francisco. E ele sabendo que eu era o Manoel. E o nossos nomes foi a chave de tudo. O que não esquecemos com o os nossos rostos de crianças.
Mas como sempre tenho minhas histórias, veio a lembrança daquele menino no pátio de nossa escola o Grupo escolar Dr. Cenobelino de Barros Serra, lá na avenida da Saudade, quando ele empurrou-me na fila e eu caí por cima de uma garotinha, que enfiou-me um tapa no rosto. Não pensei duas vezes marquei ele. E enfiei um bicudo na canela de Francisco.
Por que ele não esqueceu da minha pessoa, do meu rosto? Eu mesmo respondo. Na época ele apanhou. E há um ditado de quem apanha nunca esquece.
E talvez isto é que fez ele vir com um olhar de quem examinasse, um rosto com a minucia de um arqueólogo, e desvelando as nossas histórias. Principalmente essa de uma briguinha de criança, que provavelmente não esquecemos porém, o que passou faz parte da nossas vidas. Mas não recordamos aquele momento espinhoso. Apenas conversamos sobre outras coisas amenas por exemplo nossos filhos, netos, e por fim ainda comprei três bilhetes. Eu que não tinha palpite pra bilhete de loteria. Ele despediu de mim dizendo, que Deus te abençoe, e eu com todo o respeito acrescentei com toda a reciprocidade. Até outro dia.
Manoel Messias Pereira
cronista, poeta, professor
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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