Crônica - a pergunta de meu filho - Manoel Messias Pereira
foto do filme a procura da felicidade
A pergunta de meu filho
Cada um de nós somos seres pensantes, cada um de nós somos seres filosóficos. Pensar é um ato, um passo para o processo de reflexão. é preciso que cada um de nós possamos estabelecer os nossos laços de ternura com a vida e isto pode dar-se-a com a construção filosófica e ideológica. Pensar dizia uma frase que li num livro qualquer pode causar. O verbo causar, tem inúmeros significados quando dito de forma intencionalmente. O causar pode ser bom, pode ter um certo sentido, despertar um bom ou mau sentimento. E há quem diga que pensar muito é sinal de insegurança, como no caso do cliente que ao tentar fazer uma compra diz ao vendedor, vou pensar primeiro depois volto aí. Ou pensar demais disse outro alguém que é causar problema para sim mesmo. Mas o importante é que não há como filosofar sem por o pensamento pra funcionar.
Pensar não pode ser apenas abstração e propositalmente trago a fala do cotidiano para refletir o processo da sensível realidade. A concretude do pensar pode ser sobre o objeto do existir, sobre a natureza da qual estamos submetidos a observar, a tocar, a deglutir, a viver. Ah quem afirme que há um ser superior que criou a terra, a água, o céu, o universo em si. O que sei é que como simples humano hoje creio que a responsabilidade sobre esses elementos deva ser de todos nós.
E pensar nisto passa por dois caminho, ou mudar para continuar a existir ou deixar o mercado dar a linha para tudo desaparecer. E o mundo deve então responder para uma utopia ou morrer. Para mim eu penso em revolucionar ou caminhar em passo largos para caos, para o processo de degradação material e social da existência.
Alguns filósofos e poetas crêem que sobreviver neste contexto já é viver. E a opção é que ninguém deve delegar ao seu próximo essa tarefa. é preciso portanto unir forças contra a implantação da central da morte, por meio da insensibilidade da justiça que mantem a sua santa cegueira e do mercado, que vê no capitalismo apenas lucros da classe burguesa e nenhuma humanidade em relação ao trabalhador.
E compreender o mundo neste caso pode ser esquadrilhando os próprios pensamentos das almas humanas, em busca de uma solução para os problemas da comunicação. Ou investigando os por ques e o como as coisas e conceitos assim como as causas das transformações.
Aos que esquadrilham os sonhos deparam com atitudes que desdenham as questões da realidade, da vontade do idealismo subjetivo e toma por base as sensações, as percepções, as consciências do refletir individual. Na Grécia antiga Platão comparava esse mundo sensível a caverna iluminada, em que encontram homens imóveis e de costa para a grande fogueira, para essas chamas meditais.
Já num segundo pensar no ser que investiga as questões, deparamos com o artífices de Georg Willelm Frederich Hegel (1770 a 1831) e Karl Marx (1818 a 1883), um filósofo idealista da dialética, e o outro o materialista que possibilitou o materialismo histórico dialético. E para eles o pensar foi o aspecto particular da mutação incessante da sociedade, que ultrapassa etapas sempre engendrados por uma dinâmica, da tese versus antíteses e obtendo na sequência a síntese, que se torna tese e que vai encontrar uma outra antítese e assim o mundo caminha. Hegel ensina que cada novo sistema filosófico que advém tem o seu ponto de partida nas concepções filosóficas precedente, as reelaboradas à luz dos conhecimentos. e a filosofia verdadeira não pode estar alheia ao processo. E assim continuamos a pensar a vida, o mundo cotidianamente.
Um dia meu filho ainda garoto, fazia-me uma pergunta, acreditando que eu como pai tinha todas as respostas. Mas eu não tinha todas as respostas e precisava mostrar pra ele que eu também fui construído num estúdio de inseguranças. Lembro que ele perguntou-me se eu acreditava nos átomos, e eu disse sim a ciência já tem como resposta que essa é a menor partícula que existe na natureza. E ele disse o senhor já viu? e qual a forma que apresenta-se? Eu disse que os conceitos com o qual trabalho não permite-me talvez manipular essas informações com a objetividade que um garotinho de oito anos me pergunta e a resposta continua a ser o da insegurança, do vou pensar depois te falo.
E este pensar e este refletir seja talvez todos os dias revisar os nossos apontamentos, todas as minhas filosofias, é a tentativa de guardar na memória as doutrinas que consagramos no estudos desta nossa natureza. É preciso entender que nada nasce do nada de outra forma tudo poderia nascer de tudo sem necessidade nenhuma de uma semente. O universo sempre foi o mesmo e será eternamente o universo. E ele está constituídos de corpos e de vazios. que os corpos existem, a sensação o atestam em todas as ocasiões.e se não existissem os vazios os corpos não teriam onde se localizarem.
E entro os corpos aos que são compostos e outros dos quais os compostos são constituídos. e estes são indivisíveis e imutáveis se não quiserem que todas as coisas sejam reduzidas ao não ser, mas que permanecem , após a dissolução dos compostos, elementos resistentes de uma natureza composta e essas informações estão no livro de João Quartim de Moraes, embora eu possa ter equívocos em ler uma só ve e acreditar que entendi ao pé da letra ou na luz interpretativa tudo. Mas eu também não quero ter a sensação de que sei tudo, creio sim que sou um ser em construção na insegurança da sobrevivência. vivendo entre os átomos que movem-se continuamente desde sempre:num entrechocar-se, afastando-se para longe do outros, e outros ao contrários entram em vibrações, tão logo aconteçam de estarem ligados por entrelaçamento ou quando não estão envoltos. a questão é que não há começos para esse processo os átomos e os vazios existem pela eternidade.
Ah, peço a meu filho que desculpe-me pela demora da resposta, pois o tempo passou e ele cresceu e a pergunta que ele me fez, ao sair para o trabalho, se eu tinha visto ou tocado o átomo, e eu fiquei nesta insegurança da resposta e já demorei mais de vinte anos pra responder. Ah! e prepare filho que o seu filho também vai perguntar outra coisa semelhante talvez. E talvez você fique mais vinte anos pra uma resposta cabível. O importante é que é preciso pensar. A reflexão as vezes leva-nos a levitar, na razão e na emoção. Beijo paternal garoto.
Manoel Messias Pereira
cronista, professor e poeta
São José do Rio Preto -SP.Brasil
Manoel Messias Pereira
cronista, professor e poeta
São José do Rio Preto -SP.Brasil
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