Artigo - Olhar para a Africa - Manoel Messias Pereira

Olhar para a Africa

Ao estudarmos a história, a geografia, entendemos que o processo imperialista e o neocolonialismo, adotado pelos países europeus entre os séculos XIX e o início do século XX, fez com que as partilhas do Continente Africano, fossem elaboradas, causando conflitos regionais e dizimando grupos culturais diversificados da África.
Recorrendo a um apontamento, publicado pela Revista Caderno do Terceiro Mundo, de outubro de 1990, o secretário-geral da Organização da Unidade Africana (OUA), Said Djinnit(foto) acima, acusava a comunidade internacional de atuar com parcialidade em matéria de ajuda aos refugiados e que estava havendo uma preferência pelas populações do Kosovo e Timor-Leste, além de diferentes critérios para a ajuda humanitária embora os gastos com os refugiados fossem menores.
Na época do alto comissariado das Nações Unidas para refugiados ACNUR, informava que os problemas da África estaria relacionados com a insegurança gerada pelos conflitos e pelas violações dos Direitos Humanos.


Em 1991, Doug Helling(foto) acima, membro do Comitê Conjunto do Banco Mundial e fundador do Grupo para Política de desenvolvimento Alternática(GAP) com sede em Washington, informava que a agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) não poderia adotar nenhum programa ou política de ajuda sem consultar previamente as organizações não governamentais que trabalhavam no leque de interesses locais; isto sim, na prática o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional - FMI, que continuavam, ditando as políticas nacionais em todo o continente.Reportando as palavras do saudoso líder africano Julius Nyerere (fotos) abaixo, ditas em 1994, "Os programas de ajuda a África não cumprem o objetivo
de aliviar a pobreza. Todo o Estado soberano da África tem teoricamente o direito de organizar sua economia da melhor maneira, mas neste momento tecnológico não é possível ficar isolado do mundo. Se a população pode evitar comprar nos mercados dominados, isto é incompatível no mercado internacional em que os preços são fixados pela ação dos intermediários especuladores, não pelo custo da produção ou pelos consumidores com o seu poder de compra. Em troca os preços dos tratores ou de outros bens industriais se baseiam nos custos de produção, em que contabilizam salários, os altos cargos, as tecnologias dos países desenvolvidos e os lucros dos donos do capital. O intercâmbio comercial será sempre desfavorável para os países africanos".
E neste princípio do Século XXI, os problemas da África, deveria ser os problemas do mundo globalizado, uma vez que todos os problemas africanos são decorrentes de efeitos das intervenções imperialistas.
E a Europa já tem ciência do preço que paga pela estagnação econômica e instabilidade política vivida pela África. E quando os refugiados africanos procuravam o Continente Europeu, souberam que a Europa possuía uma legislação aprovada pelo Tratado de Maastrich, que não assegura que as tensões decorrente do fenômeno sejam contidas.
Nos Estados Unidos, muitos empresários, creem que o estado norte-americano deveria fortalecer deste mercado em seu próprio benefício. Isto que levou o embaixador americano em



Kampala, Sr.Michel Southwick (foto) acima a prever, Uganda de US$200 per capita a passar para US$2000, prevendo a hipótese do aumento do consumo de produtos industriais americanos.
Sabemos que no final do Século XX, os Programas das Nações Unidas de Recuperação Econômica e Desenvolvimento (PNUREDA), não produziu bos resultados e teve que parar, além de endividar os países africanos.
Sem saída, a maioria continuam correndo ao FMI, aceitando as condições de desvalorização da moeda na eliminação do controle de preços e dos subsídios, na "liberalização" das importações e no corte dos gastos públicos, além de priorizar o pagamento da dívida externa. E para cumprir essa agenda, os governos cortam orçamentos de saúde pública, de educação, subsídios de alimentos, e provocam protestos da população e evidente repressão do Estado a esses povos sofridos.
Essa relação de desigualdade, de armadilha econômica do mundo capitalista, sufoca os continentes em desenvolvimento e as vezes o negligenciar da imprensa internacional, que fecha os olhos para essas análises, faz-me pensar que somos todos bons cristãos, obviamente sem a práxis de Jesus Cristo.

Manoel Messias Pereira
poeta e cronista
Professor

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