Manifesto de intelectuais em defesa da Constituinte comunal e contra a ameaça fascista na Venezuela
Manifesto de intelectuais em defesa da Constituinte comunal e contra a ameaça fascista na Venezuela

No campo da disputa internacional pela narrativa do que se sucede na Venezuela, além das disputas travadas no terreno da diplomacia, opera-se em simultâneo uma batalha no seio da intelectualidade de esquerda ou progressista. Neste sentido, em 29 de maio foi publicado um manifesto – assinado por dezenas de intelectuais latino-americanos e europeus autointitulados de “esquerda” – criticando a “polarização” do país caribenho, o extremismo de um governo “deslegitimado” e “autoritário”, de um lado, e de setores extremistas da oposição que visam uma saída violenta, de outro. Segundo esses intelectuais, “o principal responsável pela situação da Venezuela é o Estado”, em mãos de autoridades governamentais antidemocráticas e autoritárias.
Diante deste cenário, os signatários do manifesto conclamam à constituição de um “diálogo democrático e plural” que aglutine todos os setores e à conformação de um Comitê Internacional pela Paz no país. Ora, a responsabilidade atribuída ao Estado Bolivariano pela situação vivida pelo país, de modo a isentar a burguesia e o imperialismo, o apego à democracia liberal e à separação tradicional dos Poderes e a desconsideração do caráter anti-imperialista da Venezuela tornam evidente que aqueles intelectuais, diante da fervura da luta de classes, optaram por uma saída idílica para a situação, uma utópica contrarrevolução pacífica, quando a história está farta a nos mostrar que não é assim que se opera a luta de classes.
Em oposição à tese dos “dois demônios”, outro Manifesto foi lançado a fim de aglutinar intelectuais que têm clareza de que o contexto econômico, político e social venezuelano é produto fundamentalmente da luta encarniçada que a burguesia apátrida e o imperialismo travam para destruir de forma reacionária o chavismo. Tem-se convicção de que o que está em jogo é a sobrevida da Revolução Bolivariana, com seus ganhos sociais, políticos e anti-imperialistas, diante da sedição contrarrevolucionária.
Neste momento crucial da história da Venezuela e da América Latina, esses intelectuais se colocam ao lado da defesa dos ganhos populares e anti-imperialistas proporcionados pelo chavismo, mas não só isso: colocam-se a favor do avanço da Revolução por intermédio do fortalecimento do Poder Popular. Veem na Constituinte convocada pelo Presidente Maduro, no uso das suas prerrogativas constitucionais, a chave para a retomada do ativismo popular e o fortalecimento das suas organizações, sendo o Poder Popular a única solução para o colapso do país, “um caminho para a reconstrução social”.
Neste momento crucial da história da Venezuela e da América Latina, esses intelectuais se colocam ao lado da defesa dos ganhos populares e anti-imperialistas proporcionados pelo chavismo, mas não só isso: colocam-se a favor do avanço da Revolução por intermédio do fortalecimento do Poder Popular. Veem na Constituinte convocada pelo Presidente Maduro, no uso das suas prerrogativas constitucionais, a chave para a retomada do ativismo popular e o fortalecimento das suas organizações, sendo o Poder Popular a única solução para o colapso do país, “um caminho para a reconstrução social”.
Segue abaixo o referido manifesto em defesa da Constituinte comunal e contra a ameaça fascista.
A evolução dos acontecimentos na República Bolivariana da Venezuela, desde final do mês de abril, evidenciam um enfrentamento cujas formas e metodologias anunciam um cenário de violência generalizada, o mais parecido com uma “guerra civil” não tradicional, de alguma “geração”.
Neste cenário de luta, o chavismo se defende do novo “sujeito fascista” aparecido e desdobrado nas Guarimbas de 2014, que agora decidiu jogar tudo para derrotar o chavismo, destruir as conquistas sociais adquiridas desde 1999 e mover o tabuleiro latino-americano para o controle dos EUA.
Esse enfrentamento se produz no marco social de desabastecimento generalizado de bens de primeira necessidade uma inflação de mais 4 mil por cento, que tem colapsado a sociedade venezuelana, sendo os trabalhadores e setores pobres os mais prejudicados por ambos flagelos. Até final de maio, foram destruídos 1.500 comércios e centros de distribuição comercial, além de 7 assaltos frustrados a quartéis no ocidente do país.
Esta realidade foi construída durante os últimos três anos, e aparece em um contexto adverso para o governo bolivariano, desde Argentina, Brasil e a direção da OEA, além do distanciamento cauteloso de entidades supostamente amigas, como a CELAC e a UNASUL, mas sobretudo desde Washington, de onde o Presidente da Colômbia proclamou junto ao chefe do Império, um avanço contra o governo de Maduro, cujos preparativos já existem sinais de advertência.
O governo bolivariano, assediado do estrangeiro e do interior, decidiu corrigir seus próprios erros e se apoiar nos setores do poder popular, para prover uma saída política mediante uma Constituinte, comunal e originária, que encerre o risco de guerra civil (até final de maio, mais de 350 assembleias de bairros debateram a Constituinte comunal reanimando uma vanguarda chavista retraída nos últimos anos. Inscreveram-se uns 37 mil candidatos à constituinte, postulados por movimentos sociais e setores).
Consideramos que a urgência dessa Assembleia Constituinte exige a participação das organizações sociais e políticas, além dos intelectuais, que a consideramos como a única solução do poder popular ao colapso venezuelano, um caminho para a reconstrução social, como foi pautado em caráter de mandato póstumo do Comandante Chávez, no conhecido “Golpe de Timão”, de outubro de 2012: “Estado comunal…Comuna ou Nada”.
Os seguintes agrupamentos, organizações e personalidades, nos autoconvocamos com base nesta plataforma para apoiar a alternativa de uma assembleia constituinte popular e originária proposta pelo companheiro Nicolás Maduro, cujo funcionamento se iniciaria no próximo mês de julho.
Lamentamos a Declaração Internacional[1] de uma quantidade de respeitáveis intelectuais e militantes, que animados por uma peregrina ideia de que na Venezuela atuam “dois demônios” polarizadores de vida política, pretendem tomar distância cautelosa para não se submeter à prova definitiva de um processo que, como todos, é complexo e exige definições, como tudo na política.
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