Marília Guimarães lança obra sobre a ditadura
Marília Guimarães lança obra sobre Ditadura no Brasil
24/08/2017
Com um relato fiel de sua história e de seus dois filhos, Marcello e Eduardo, a autora revive a agonia pela qual passou durante o ano de 1969 – quando vivenciou fugas, perdas, angústia e medo – e que culminou no sequestro de um avião, em janeiro de 1970, e nos 10 anos de exílio em Cuba. Marília Guimarães lança Habitando o Tempo – Clandestinidade, Sequestro e Exílio, Editora LiberArs.
Mesmo sem a pretensão de ser um documento histórico, Habitando o Tempo – Clandestinidade, Sequestro e Exílio cumpre esse papel pela forma como a autora relata com riqueza de detalhes e exatidão os fatos acontecidos naquele período. São 307 páginas nas quais é possível vivenciar com Marília Guimarães cada um daqueles momentos, como, por exemplo, quando a escola em que era diretora, no subúrbio de Coelho Neto, no Rio de Janeiro, foi invadida por militares em fevereiro de 1969. Começava ali a saga da ex-guerrilheira pelos diferentes cantos do País. “Foi um ano de fuga, onde a fome, a dor e a solidão em muitas ocasiões faziam parte do meu cotidiano. Depois da prisão, tirar Marcello e Eduardo do olho do furacão, impedir que eles caíssem nas mãos dos ditadores era primordial”, relembra. A ativista ressalta que toda a luta poderia se perder caso seus filhos fossem presos, assassinados ou ficassem desaparecidos, já que essa seria uma forma de pressão contra os presos para que entregassem a organização da qual fazia parte. “Passamos um ano percorrendo o Brasil até a decisão de abandonar o país através de um sequestro, essa era a única saída para nós. O exílio em Cuba foi uma escolha acertada. Cuba vivia seus primeiros anos na construção de um novo mundo. Lá meus filhos poderiam estudar e viver em liberdade”.
Habitando o Tempo – Clandestinidade, Sequestro e Exílio abrange o período de 1969, quando começou a saga da ativista e de seus filhos pela liberdade, e vai até 1979, ano da Anistia Política. As fugas espetaculares, o sequestro do avião e a vida durante o exílio na ilha comandada por Fidel Castro dão a perfeita dimensão da dor e da garra de Marília Guimarães para superar todos os obstáculos. “A solidariedade de amigos, as noites em barracões de favelas nas montanhas de Belo Horizonte e as estradas desse imenso país serviram de abrigo e aprendizado. As fugas inusitadas, ora resolvidas com um simples lenço e óculos escuros ou por pura intuição, até o próprio silêncio ditando as regras e a notícia dos assassinatos de companheiros, as perdas, a angústia, o medo pintado em cores abstratas e a total entrega ao povo brasileiro é sem dúvida o cerne de Habitando o Tempo”, afirma.
A militância política de Marília Guimarães, que participou ativamente da luta contra a ditadura, e no exílio da construção da Revolução Cubana, permeia toda a obra. A escritora costuma afirmar que nascer é um ato político e como tal precisa ser vivido. “Sempre fui guerrilheira na vida. Sobrevivi a ditadura e me fortaleci para as lutas atuais. Nasci e cresci em tempos de guerra. Não conheço outra forma de sobrevivência. Estou sempre preparada para novos desafios e superação”. Dessa forma, não há como negar que Habitanto o Tempo – Clandestinidade, Sequestro e Exílio também é um ato político e um relato real da história recente do Brasil. “Vivemos naquela época tempos sombrios, sem liberdade e pleno de incertezas. Sem perspectivas para o povo brasileiro”.
Sobre a Autora:
Marília Guimarães é Pedagoga com especialização em Letras Neo Latinas, Escritora, Autora, Diretora e Produtora de Teatro e de Shows Musicais. Ex-exilada, Militante e Ativista Politica, Vice-Presidente da Ebendinger Systems, Presidente da Bcyou.com, Presidente do Comitê Social Coração Azul – Contra o Tráfico de Pessoas e trabalho escravo e Presidente da Rede Internacional de Intelectuais, artistas e movimentos sociais em defesa da Humanidade.
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