Artigo - A história de dor - Manoel Messias Pereira

Lourdes Maria Wanderley Pontes ou Luciana Ribeiro Silva (estudante -revolucionaria -PCBR)
Valdir Sales Sabóia - Ex - soldado da Policia Militar do Estado da Guanabara
Fernando Augusto da Fonseca -Ex- funcionário do Banco do Brasil e estudante de economia da UFRJ
Jorge Silton Pinheiro - estudante do Ateneu Norte Riograndense
Jose Bartolomeu Rodrigues de Souza - Militante político do PCBR
Getúlio de Oliveira Cabral - Militante político do PCBR







A história de dor
Era exatamente o dia 29 de dezembro de 1972, quando estes jovens que estão na foto  foram assassinados pelo Estado brasileiro.
Todos eles eram militantes do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário. Foram de princípio presos e com selvagerias dos mais hediondos morticínios de nossa sangrenta história do período de repressão, foram terrivelmente mutilados por um conjunto de torturas feita pelo CODI do Rio de Janeiro e depois o assassinato coletivo.
Nestas fotos temos Valdir Sales Sabóia um ex - soldado da polícia militar do Estado da Guanabara, Fernando Augusto Fonseca um ex-funcionário do banco do Brasil e estudante de economia da UFRJ, Jorge Silton Pinheiro estudante do Ateneu Norte Riograndense, ainda José Bartolomeu Rodrigues de Souza e Getúlio de Oliveira Cabral.
Os corpos de Getúlio, José Bartolomeu e Jorge Siton foram incendiados pelo CODI/RIO, provavelmente para que as marcas catavéricas não denunciassem com tantas evidências as bárbaras sevicias a que foram submetidos.


A versão sobre as seis mortes, divulgada pelo serviço de Relações Públicas do I Exército, em 17/01/1973, sob o título “Destruído o Grupo de Fogo terrorista do PCBR/GB”, informava que, em ações simultâneas em pontos diferentes do Estado da Guanabara, teriam morrido os seis  Fogo terrorista do PCBR/GB”, informava que, em ações simultâneas em pontos diferentes do Estado da Guanabara, teriam morrido os seis  Fogo terrorista do PCBR/GB”militantes, um ficara ferido, outro escapara ao ser perseguido, e dois foram presos. Não informava os nomes dos presos e do ferido, mas assumia a prisão em Recife, em 26/12/1972, de Fernando Augusto, que fora levado para o Rio de Janeiro. Enquanto um grupo de agentes teria se deslocado com Fernando para o bairro do Grajaú, onde havia um “ponto”, outro grupo cercara uma casa na Rua Sargento Valder Xavier de Lima nº 12, fundos, em Bento Ribeiro, onde teriam morrido Valdir Sales Sabóia e Luciana Ribeiro da Silva (Lourdes Maria Pontes). No Grajaú, teriam morrido Fernando Augusto, José Silton, José Bartolomeu e Getúlio. Fernando teria sido morto pelos companheiros, ao aproximar-se do carro que, em função do tiroteio, pegara fogo. No interior do carro, três corpos totalmente carbonizados, conforme laudo de perícia de local, tornando impossível sua identificação. O outro ocupante, ferido, conseguira fugir.

Nunca se soube quais foram os presos, quais os feridos, quem se rendeu, nem os que conseguiram fugir. Para todos os conhecedores dos métodos utilizados pelos órgãos da repressão política, a versão oficial já levanta suspeitas em função do endereço da casa em Bento Ribeiro: rua Sargento Valder Xavier de Lima, nome de um militar morto em 1970 em Salvador (BA) por militantes do mesmo PCBR, conforme já descrito. O registro de ocorrência da 20ª Delegacia de Polícia informa: “Às 0:40 horas, o 2° tenente Paixão comunicou que compareceu à rua Grajaú para tomar conhecimento de ocorrência envolvendo automóvel incendiado. Todavia foi informado que se tratava, apenas, de diligência de interesse da Segurança Nacional. Chegando ao local, constatou a presença do delegado do DOPS Gomes Ribeiro, que afirmou tratar-se de serviço de rotina do interesse da Segurança Nacional”.
Embora saibamos que a Comissão da verdade, esteve trabalhando na apuração de todos os casos, ainda há um nó em cada brasileiro que não foi desatado. É o no da impunidade aos crimes cometidos por agentes do estado. E todas essas informações já são conhecidas detalhadamente desde a publicação do Comitê Pro-Amnistia Geral no Brasil de 8 de março de 1976.
Entendemos  que a pratica policial militar não é desfeita de um dia para o outro. Não vivemos o período dos anos de Chumbo, embora já temos em curso no Brasil do Século XXI, um Golpe tramado, que acabou derrubando a presidente eleita a Sra. Dilma Rousseff e em seu lugar o Vice, que estranhamente participou da campanha politica da senhora presidente, mas que no meio do processo de governo trama com a oposição a sua derrubada, e utiliza uma série de argumentações que vai do crime de pedaladas fiscais ao processo de corrupção, e em curso há, um processo no Supremo que pede a cassação da Coligação Dilma/Temer, e é interessante observar que se fosse crime o próprio e atual presidente já fez pedaladas semelhantes assim como os ex-presidentes,  mas o que  ainda temos resquícios no setor político de práticas inadequadas no tratamento a população brasileira em relação ao processo democrático, assim como os excessos de violências hoje empregadas pelos serviços de segurança públicas o que leva-nos a contestar sempre o militarismo de nossa policia.

 A Polícia entendida como um instrumento de repressão que assassina sempre e muito mais negros que residem na periferia em grande proporção em relação a outras partes do mundo. Além da criminalização feita pelo estado brasileiro aos movimentos sociais. Ou seja sequestro feito pelo Estado, torturas, assassinatos tenho a plena convicção que não sustenta-se num Estado que se quer democrático, e socialmente humanista . E isto vemos que a Amnistia Internacional pede o fim da militarização e o fim do genocídio da juventude negra no Brasil.
Estamos tentando subir degraus do respeito humano, da fraternidade, da solidariedade e da busca da construção de um País para todos. Mas ainda encontramos pessoas, totalmente doente socialmente falando em ditaduras. Esperamos que este  29 de dezembro outros que não seja mais de assassinatos feito pelo Estado ou pessoas desqualificadas como os jovens que assassinaram o ambulante Luis Carlos Ruas o popular Indio que vendia balas e biscoitos próximo de uma Estação do Metro em São Paulo. A esperança é um País que mantenha o respeito todos os seus filhos independentes das condições sociais, religiosas  e ideologias políticas.

Manoel Messias Pereira.
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto-SP

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