Crônica - a Beleza dos Raios - manoel Messias Pereira
A Beleza dos Raios
Minhas
histórias minhas verdades. Era eu e um cão caminhando sobre as ruas
próxima ao meu lar. Ao aproximar um outro cão bem maior do que o meu, vi
que aquilo não era um cão, era apenas uma ilusão de ótica, talvez no
contexto de meus sonhos de minha fantasia. A vida é feita destas
alusões e ilusões de óticas.
Pensei
ter ouvido um samba de alguns companheiros mas quando fui buscar um
surdo, os companheiros já não cantavam mais. Já não havia mais
cavaquinhos, e fiquei com o surdo nas mãos a esperada chuva. E ela veio
lavar minha solidão.
Caminhei
até a um barracão de ensaio, e lá estava todo descoberto e no fundo o
altar, o pegi, o congá como falam os batuqueiros. A verdade que cheguei
num outro tempo divergindo de todos fui chegando e eles partindo. Alguns
partes como estrelas cadentes radiante, mais rápidos, outro mais
lentamente. Provavelmente todos ainda ouviram meu surdo tocar um som de
solidão.
Parece
que a vida sempre reserva prá nós um show de tristeza e, sempre uma
lágrima fria de solidão resolve passear pela ternura de nossa face e
permitir assim um nó de tristeza. Todas as pessoas na qual amamos,
sonhamos um dia parte como estrelas que vão se apagando, e no céu outros
brilhos vão surgindo. Creio no céu e na sua gratidão revisto com o azul
e as luzes do infinito.
Um
sonho e apenas isto que segundo Freud é a um desejo inconsciente.
Mas para que possamos compreender essa afirmação, devemos prosseguir e
estabelecer uma distinção entre dois conceitos cruciais, ou seja o de
conteúdo latente e o conteúdo manifesto. E ele ainda afirmava que são
fenômenos psíquicos onde realizamos os nossos desejos e resultado de
uma conciliação.
Há
quase um ano partiu minha Mãe de sangue e de Santo, foi para o Orum,
que sabe juntar a essas luzes brilhantes, quem sabe! Era uma filha de
Yánsàn, a mãe guerreira do rio Niger relacionada ao elemento
contraditório da água e do fogo. Pra uns a mãe dos nove filhos como o
rio de nove braços. E que se manifesta nas tempestades, como a rainha
dos raios, das ventanias, senhoras dos tempos que fecha pra chover.
Minha
mãe tinha a coragem da mulher que beija os filhos pela manhã e saí para
a busca dos sustento de seus filhos no trabalho duro. Conheci ela
trabalhando nas roças de amendoim, conheci ela catando café, conheci
minha mãe lavando roupas e passando no ferro de brasa. Conheci uma
mulher que andava vinte ou trinta quilometro a pé e pra dedicar ao
trabalho. E na parte da tarde recebia pessoas que trazia crianças pra
benzer, pessoas atrapalhadas que necessitavam de um conselho, mulher e
maridos que discutiam e ela dava uma benzedura, sem saber o que fazer,
dizendo só faço o que Deus manda.
Sempre
achei interessante pois ficava eu cá com meus botões pensando nunca
falei nada com Deus, nunca vi essa figura e sei lá o que ele pensa de
mim. Mas está tudo certo ainda tenho uma mãe. Já que o pai aventurava em
seus delírios de amores e sonhos em plena fantasias de um carnaval que
pra ele era a vida eterna. E como parte da vida a sua doce e sombria
morte.
E
minha progenitora como filha de Yánsãn, foi uma mulher que amou um
outro, teve desafios na vida a procura de seus prazeres, escolheu seus
caminhos pelas paixões muito mais do que pelas reflexões das razões, era
atirada extrovertida, teve o nome investigado pelo DOPS, se fez mulher
se fez ser da melhor espécie em todos os sentidos da sua felicidade e de
sua tristeza. Foi mãe e amiga confiável. Foi como Yànsán de Balé ligado
a Iku, sua vida foi tempestade e ela soube reger, junto com Exu, ou
Eleguiá ou Eleguibá, Orumila, e Obatalá dominou os quatro ventos
chamado ao sons da bainha de flamboyant.
E
no dia 19 de setembro de 2015, ela partiu misteriosamente como um raio,
representada por ataque cardiovascular, deixou esse mundo mentalizado
de pecados e costumes humanos, partiu para o Orun, como parte do céu e
das constelações e eu gritei no seu velório, " Eparrei Eparrei."
Na
minha formação aprendi em Emmanuel Kant que estudei na Faculdade quando
fazia Estudos Sociais, lá na UNORP, com o professor Domingos Casseb
(falecido) de que Kant se prendia mais a reflexão filosófica:
estabelecendo entre a razão teórica e a razão prática e uma diferença
em favor da segunda que dava privilégio em favor do fideísmo. Eu vim
disse ele, suprimir o saber para substituir pelo crer, o que não
significa destruir a ciência, mas situá-la. A razão especulativa não
conseguiu fundamentar metafisicamente as verdades necessária à moral:
pelo menos afastava o que não tinha direito de afirmar. E outras
palavras ele concluiu que a ciência e a fé são heterogêneas não pode
socorrer-se nem prejudicar-se reciprocamente. Como afirmou Jean Lacroix
em "Marxismo, Existencialismo e Personalismo" "O sujeito concreto para
derivar da razão pode sem dúvida buscar a verdade com toda a alma, mas
só se conhece com o olhar da alma que é a inteligência. A lógica não é
mais do que a psicologia de uma Inteligência pura, separada, por assim
dizer, de sua condições reais de exercício."
Todas
as pessoas que passam pelo mundo material e sente-se como portadora de
valores além da matéria, mas espiritual, conheceu o que julgamos ser o
teor sobrenatural os segredos das existências os pensares, os poderes
das preces, o transe coletivo estudado pela psicanálise na qual
respeitamos. O que para os marxistas vale a busca da verdadeira
felicidade arrancando as flores imaginárias que enfeitam as cadeias sem
qualquer fantasia ou consolação. Libertando das cadeias e adquirindo
flores vivas, num estagio da busca da razão a ponto de girar em torno de
si mesmo. Sendo que na religião há um sol fictício que se desloca em
torno do homem enquanto que não se move em torno de si mesmo.
No
livro de Roger Garaudy,, intitulado "Apelo aos Vivos" ele escreveu,
aquelas que criam os homens cabe mudá-los. E nisto ele lembra do padre
Rahner um eminente teólogo do concílio Vaticano II que escreve, em vez
de somente ver os combates da Terra e se desenrolarem num vale de
lágrimas, sem valor em relação a um certo "além" ou de só ver na fé o
"opio do povo" no cerne mesmo desse combate que a tem como fermento,
torná-lo cada dia mais evidente que a revolução não será verdadeiramente
revolucionária se não integrar a dimensão cristã da transcendência, e a
fé não será verdadeiramente fé se não incluir as dimensões históricas e
sociais e militantes do marxismo.
Aprendi
nesta vida que nós negros portadores de sonhos, somos portadores de
desejos inconsciente segundo Freud, e para compreender é necessário
estabelecer os dois conceitos do conteúdo latente e do Manifesto. E
latente é a vida militante é o processo de construção já o Manifesto
vejo como nos declaramos frente as danças e seus tambores, os pandeiros
corridos nos dedos, o rodopio e o sapateado, as palmas agitadas e plumas
e as vestiduras, a lua cheia levantando a face pálida do dia moribundo
imprimindo o beijo na fronte da sua luz, os batuques e as danças da vida
até as baideiras da morte (Iku) de Yànsán de balé pela aclamação
prolongadas e vivíssimas. Até que as danças possam emudecer-se no velar
do sono dos mortos. Os negros vivem na felicidade e creem nas danças. E
não acredite num Deus que não dance".
Minhas histórias minhas verdades. Era eu e um cão caminhando sobre as
ruas próxima ao meu lar. Ao aproximar um outro cão bem maior do que o
meu, vi que aquilo não era um cão, era apenas uma ilusão de ótica,
talvez no contexto de meus sonhos de minha fantasia. A vida é feita
destas alusões e ilusões de óticas. E salve todas as encruzilhadas.
Manoel Messias Pereira
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
Membro da Associação Rio-pretense de Escritores - ARPE
Militante do Coletivo anti-racismo Minervino de Oliveira
São José do Rio Preto - SP. Brasil
Manoel Messias Pereira
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
Membro da Associação Rio-pretense de Escritores - ARPE
Militante do Coletivo anti-racismo Minervino de Oliveira
São José do Rio Preto - SP. Brasil
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